terça-feira, 17 de novembro de 2009

LEILA DINIZ, A MULHER E O MITO.

Quando se fala nas décadas de 1960 e 1970, Leila Diniz aparece como um ícone incontestável na galeria dos personagens que compuseram e modificaram o país. A construção do mito muito que se deve à contestação da mulher inquieta e libertária que ela foi. Como atriz não desempenhou papéis marcantes, que lhe valesse o estatuto de estrela, mas brilhou como poucas, sendo um objeto de mídia, quando esta ainda era incipiente, com pouco mais de meia dúzia de revistas e jornais de projeção nacional, e uma televisão ainda por encontrar a direção. Esta mídia rendia-se aos encantos de Leila Diniz, à sua espontaneidade, e, principalmente, a sua transgressão comportamental, dilacerante e revolucionária para a época, fazendo dela uma notícia vendável. Leila Diniz foi capa constante das principais revistas do país, não apenas das que cuidavam da vida dos famosos, como das emblemáticas “O Cruzeiro”, “Fatos e Fotos”, “Realidade” e “Manchete”.
Ser Leila Diniz na época em que viveu era caminhar nua diante de uma sociedade conservadora, manipulada e governada por uma burguesia repressiva, composta nas casernas. Leila Diniz falava do amor livre, da mulher que não tinha medo de sentir prazer sexual, muito menos de ter uma vida íntima com quem lhe inspirasse desejo. Falava palavrões como um homem, mostrando-se caçadora como eles, mas sem nunca perder a sensualidade ou a doçura que lhe era peculiar. Era vista pela direita como promíscua, muitas vezes chamada de prostituta pelos mais conservadores; e, estigmatizada como alienada e alienante pela esquerda. Leila Diniz representou o grito da mulher diante de um mundo machista e de voz histórica masculina. Contestou os costumes, atirou-se sem pudores ao amor e à liberdade de amar; foi a primeira mulher a aparecer grávida a trajar biquíni pelas praias cariocas, escandalizando e lançando moda. Não precisou de um grande papel para brilhar como estrela; foi essencialmente os seus impulsos, o seu jeito espontaneamente visceral de ser, foi mulher sem medo de sê-lo. Sua personalidade superou o seu meio e a sua profissão. Não teve tempo ou não quis buscar o seu grande papel no cinema, na televisão ou no teatro, vivendo-o brilhantemente na vida, ser mulher foi a sua maior representação.
Leila Diniz morreu precocemente aos 27 anos, em 1972, em um trágico acidente aéreo que comoveu o Brasil. Uma vez morta, eternizou-se no cenário nacional, deixou de ser a mulher para transformar-se no mito, deixou de ser vista como promíscua para ser exaltada como pioneira da liberação feminina no Brasil. Leila Diniz, o mito, é tão fascinante quanto foi a mulher, e quase quatro décadas depois da sua morte, continua presente no imaginário deste país, nas raízes da existência feminina e na sua luta para ser apenas mulher, sem as amarras de preconceitos e costumes seculares. Leila Diniz vive! Partiu a mulher, mas o mito está presente em cada rosto feminino, e como profetizou Rita Lee, hoje qualquer mulher é mesmo Leila Diniz!

"Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão."
Carlos Drummond de Andrade

Frases Emblemáticas de Leila Diniz:

“Não sei se foi loucura ou coragem minha, mas sempre me expus muito. De certa forma, acho que é isso que ainda sustenta essa coisa engraçada chamada mito.”

“Não morreria por nada deste mundo, porque eu gosto realmente é de viver. Nem de amores eu morreria, porque eu gosto mesmo e de viver de amores.”

“Quebro a cara toda hora, mas só me arrependo do que deixei de fazer por preconceito, problema e neurose.”

“Tem-se que brigar com o passado, ou melhor, estudá-lo. Arrancar de dentro da gente as raízes burguesas e mesquinhas, as tradições, o comodismo e a proteção...”

“Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo.”

“Não sou contra o casamento, Mas, muito mais do que representar ou escrever, ele exige dom.”

“Cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco.”

“Todos os cafajestes que conheci na vida são uns anjos de pessoas.”

“Eu posso dar para todo mundo, mas não dou para qualquer um.”

“Eu trepo de manhã, de tarde e de noite.”

“Sempre andei sozinha. Me dou bem comigo mesma.”

“Só quero que o amor seja simples, honesto, sem tabus e fantasias que as pessoas lhe dão.”

“Viver intensamente é você chorar, rir, sofrer, participar das coisas, achar a verdade nas coisas que faz. Encontrar em cada gesto da vida o sentido exato para que acredite nele e o sinta intensamente.”

“Quando eu estou representando em teatro, tenho vontade de parar e fazer careta para a platéia e dizer: o que é que vocês estão aí me olhando, o que é isso?”

“Eu durmo com todo mundo! Todo mundo que quer dormir comigo e todo mundo que eu quero dormir.”

“No fundo, eu sou uma mulher meiga, adoro amar, não quero brigar nunca, e queria mesmo é fazer amor sem parar.”



Fonte: 3.bp.blogspot.com

Zélia Gattai


Filha de imigrantes italianos, a escritora Zélia Gattai (Zélia Gattai Amado) nasceu em 2 de julho de 1916, na capital de São Paulo, onde viveu toda a sua infância e adolescência. Zélia participava, com a família, do movimento político-operário que tinha lugar entre os imigrantes italianos, espanhóis, portugueses, no início do século XX. Aos 20 anos, casou-se com Aldo Veiga. Deste casamento, que durou oito anos, teve um filho, Luiz Carlos, nascido em São Paulo, em 1942.

Leitora entusiasta de Jorge Amado, Zélia Gattai o conheceu em 1945, quando trabalharam juntos no movimento pela anistia dos presos políticos. A união do casal deu-se poucos meses depois. A partir de então, Zélia Gattai trabalhou ao lado do marido, passando a limpo, à máquina, seus originais e o auxiliando no processo de revisão.

Em 1946, com a eleição de Jorge Amado para a Câmara Federal, o casal mudou-se para o Rio de Janeiro, onde nasceu o filho João Jorge, em 1947. Um ano depois, com o Partido Comunista declarado ilegal, Jorge Amado perdeu o mandato, e a família teve que se exilar.

Viveram em Paris por três anos, período em que Zélia Gattai fez os cursos de Civilização Francesa, Fonética e Língua Francesa , na Sorbonne. De 1950 a 1952, a família viveu na Tchecoslováquia, onde nasceu a filha Paloma. Foi neste tempo de exílio que Zélia Gattai começou a fazer fotografias, tornando-se responsável pelo registro, em imagens, de cada um dos momentos importantes da vida do escritor baiano.

Em 1963, mudou-se com a família para a casa do Rio Vermelho, em Salvador na Bahia, onde tinha um laboratório e se dedicava à fotografia, tendo lançado a fotobiografia de Jorge Amado intitulada Reportagem incompleta.

Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estréia, Anarquistas, graças a Deus , ao completar 20 anos da primeira edição, já contava mais de duzentos mil exemplares vendidos no Brasil. Sua obra é composta de nove livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance. Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo.

Seu livro, Anarquistas, graças a Deus, foi adaptado para minissérie pela Rede Globo de Televisão e as memórias, Um chapéu para viagem , foram adaptadas para o teatro.

Baiana por merecimento, Zélia Gattai, em 1984, recebeu o título de Cidadã da Cidade do Salvador.

Na França, recebeu o título de Cidadã de Honra da Comuna de Mirabeau (1985) e a Comenda des Arts et des Lettres, do governo francês (1998). Recebeu ainda, no grau de comendadora, as ordens do Mérito da Bahia (1994) e do Infante Dom Henrique (Portugal, 1986).

A Prefeitura de Taperoá, no Estado da Bahia, homenageou Zélia Gattai dando o nome da escritora à sua Fundação de Cultura e Turismo, em 2001.

Zélia Gattai Amado (São Paulo, 2 de julho de 1916 — Salvador, 17 de maio de 2008)

Fonte: Fundação Casa de Jorge Amado

Elvira Pagã


Era filha de pai norte-americano e mãe paranaense, aos 13, casou-se com o milionário, Theodoro Eduardo Duvivier Filho, de 39 anos de idade.

Mais tarde voltouse para a vida artística e foi residir num luxuoso apartamento no Hotel Glória, passando então a ocupar as manchetes de jornais e capas de revistas.

iniciou sua carreira cantando com a irmã Rosina na dupla "As Irmãs Pagãs", nos anos de 1940, iniciava sua carreira-solo.


Comandou também inúmeros shows em casas noturnas.

Dotada de espírito polémico, Elvira Pagã, exibia acintosamente nos palcos, o seu corpo dedicava-se também a pintura, quando em 1956 realizou uma exposição na Galeria Nagasawa, em Copacabana, com 20 telas a óleo de sua autoria.

Escreveu alguns livros, entre eles "Revelações" e "Vida e Morte", chegando inclusive, ocupar a cadeira de número 12 da Academia Paulista de Letras.

Sofreu algumas prisões, quando se inspirou, compos e gravou o samba canção "Cassetete Não", no qual denunciava e ironizava os maus-tratos infringidos pela policia do Rio de Janeiro.

Excursionou por todo o Brasil, era conhecida no exterior como "The Original Bikini Girl" e "The Brazilian Buzz Bomb".

Elvira não desistia de afrontar a moral daquele tempo, provocando verdadeiras enchentes nos cabarés e no teatro revista.

posou nua e distribuiu a fotografia como cartão de Natal, reafirmando-se como sinônimo de escândalo, atentado ao pudor, imoralidade.

O famoso bandido Carne Seca, forrou todas as paredes de sua cela, com fotos de Elvira.

Numa destas fotos, Elvira debruçada sobre uma pele de onça, lia-se a dedicatória:

"Para Carne Seca, um consolo de Elvira Pagã".

no fim 1960, Elvira se recolheu, saiu da vida artística e social. Se intitulou sacerdotisa, ligada a Discos Voadores e à Atlântida, fundando a seita, "Doutrina da Verdade".

Faleceu no dia 8 de maio de 2004, aos 82 anos, no Rio de Janeiro numa clínica em Santa Teresa, onde se achava internada e foi sepultada sigilosamente por seus parentes, em uma estância hidromineral do Sul de Minas Gerais.

Fonte: www.euseitudo.com.br

Cor de Rosa Choque



Nas duas faces de Eva
A bela e a fera
Um certo sorriso
De quem nada quer...

Sexo frágil
Não foge à luta
E nem só de cama
Vive a mulher...

Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque...

Mulher é bicho esquisito
Todo o mês sangra
Um sexto sentido
Maior que a razão
Gata borralheira
Você é princesa
Dondoca é uma espécie
Em extinção...

Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Não provoque!
É Cor de Rosa Choque
Por isso não provoque
É Cor de Rosa Choque...

Rita Lee / Roberto de Carvalho