segunda-feira, 7 de junho de 2010

Jessica Watson - A Penélope do oceano


Quem é a garota de 16 anos que deu a volta ao mundo num veleiro cor-de-rosa....

Um dia, ainda na infância, Jessica Watson estava numa marina na Austrália quando um barco se aproximou para atracar. Como é de praxe nessas situações, a pessoa dentro da embarcação jogou a corda para quem está em terra. Jessica se posicionou para ajudar. Foi ignorada. A situação serviu para motivar a garota a mostrar que, apesar da pouca idade, entendia de navegação. Afinal, ela morava com a família num iate. “Era frustrante porque eu sabia que era capaz de lidar com as cordas como um adulto.” Na semana passada, Jessica completou a volta ao mundo sozinha em seu veleiro rosa, lembrando a Penélope Charmosa do desenho animado A corrida maluca. Enfrentou tempestades e quase sete meses de solidão e se tornou a pessoa mais jovem a realizar o feito.

A jornada teve início em 17 de outubro e terminou no último dia 15, quando Jesse foi recebida no Porto de Sydney por uma multidão que incluiu o primeiro-ministro Kevin Rudd. “Aos olhos dos australianos, você é a nossa mais nova heroína”, disse Rudd.

Foi uma cerimônia e tanto, com tapete cor-de-rosa, palanque cor-de-rosa e sua equipe (incluindo seus pais) vestindo... rosa. Tudo para combinar com seu veleiro, o Ella’s Pink Lady. Teve até príncipe encantado: o navegador inglês Mike Perham, de 18 anos, até então o mais jovem a dar a volta ao mundo sozinho num veleiro. “Quando encontrei Jessica pela primeira vez, senti algo entre nós difícil de descrever”, disse à revista australiana New Idea. Os dois negaram um romance.

Jessica é uma loirinha de aparência frágil que conseguiu sobreviver por 210 dias sozinha em alto-mar. Mas o mundo de negócios não se deixa levar pelas circunstâncias e o que impulsionou a popularidade da menina foi o blog criado por sua equipe. Nele, Jessica narra sua viagem com o mesmo “sentimentalismo fofinho” da cerimônia de chegada.

“Esta tarde eu decidi que era hora de ter diversão no barco. Fiz bolinhos de chocolate”, escreveu no dia 4 de novembro. Dias depois, o assunto era um passarinho que surgiu no veleiro, que ela chamou de Silly (“bobo”). E o post do dia 9 de dezembro? Nele, a menina conta sobre os preparativos para a travessia do Cabo Horn (extremo da América do Sul), um dos locais de mais difícil navegação do mundo: “Ando ocupada nos últimos dias fazendo os últimos ajustes antes de irmos muito ao sul (...). Claro que talvez o trabalho mais importante seja a instalação de cintos de segurança para a tripulação, meus bichinhos de pelúcia!”.

Como todo adolescente com espírito aventureiro, Jessica teve seus “insights filosóficos de autoconhecimento”. No dia 13 de dezembro, ela escreveu sobre o que sentia ao estar tanto tempo sem companhia. “Solidão é a palavra (usada) para uma sexta-feira à noite sem nada para fazer, sentada em casa sentindo pena de si própria. (...) Eu escolhi estar num pequeno barco no meio do oceano.” No dia 15 de janeiro, ensaio sobre a ausência. “É incrível como a privação pode fazer algo parecer um milhão de vezes mais especial!” E, diante de tanto aprendizado, achou-se no direito de ensinar, como no dia 22 de fevereiro, quando explicou suas motivações. “Não estou dizendo que todos devam comprar um veleiro e dar a volta ao mundo, mas espero que, realizando o meu sonho, consiga mostrar às pessoas que é possível elas atingirem seus objetivos.”

Diante de tudo isso, ninguém deu bola para a notícia de que o feito de Jessica não tenha sido homologado por questões técnicas e para não incentivar crianças a repetir a perigosa façanha. Ao saber disso, dias antes da chegada, Jessica escreveu: “Me chamem de imatura, mas eu estou dando de ombros sobre isso. Se não estou dando a volta ao mundo, então não sei o que venho fazendo esse tempo todo”.

Fonte: revistaepoca.globo.com

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